E eis que mais uma se apresentou como entidade feminina.
Ela, que se mostra como sedutora, disfarçada de canto de sereia,
não diz quem é, mas sempre me convida para o fundo do mar
Nunca sei dos seus perigos, e desavisado vou atrás de seus sons
A medida que me afundo no mar, a respiração, enquanto boa, não me alerta de nada
mas chega o momento em que a falta de ar grita mais do que o prazer de sua música
e afogadamente corro pra superfície atrás da minha vida
até hoje, mais por sorte do que acaso, não morri afogado, mas já a vi, e vou contar-lhes como é, para que, se um dia a veres também e não perceberes que está no fundo do mar, acorde atentamente e corra para se salvar.
É velha, pele murcha pelo excesso de água, rosto arroxado pela falta de ar.
Os cabelos são sebosos, mesmo eternamente em banho
Sorriso, não possui, mesmo quando sabe que está para concluir o seu trabalho de matança
seu desejo é infinito, nunca há de se saciar
os olhos são negros por completo e não há brilho algum,
só fita o chão
talvez esperando que brote alguma satisfação das almas que já enterrou
tem poucas roupas, só farrapos dos fiapos
mas seu corpo também não se mostra
é o disfarce de tudo, e por mais que você acredite no que ve, quando a enxerga,
como já me aconteceu
deve ser tudo mentira
por que a senhora Vulnerabilidade tem justamente essa característica
a do sofrimento, sem nunca se mostrar como é
3 comments:
Tudo bem, a Vulnerabilidade pode até ser assim, mas pense no perigo da Sra./Srta. Solidão, a dita gêmea siamesa cuja metade é bela e metade é hedionda? Antes optar por uma certeza (mesmo que uma triste) que por uma vil inconstância...
Assino embaixo, Sr Alexunder!
Aaah meu velho Henri, ouça a louca e ensandecida voz dos teus amigos, como deveriam também dar ouvidos os personagens de Shakespeare aos reclames do Tolo da Corte.
Meu querido amigo Henri. Muito lindas suas palavras. E igualmente linda é a vulnerabilidade, que te inspira a escrever tão profundamente.
Te amo bicho véio.
Fredy.
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