Friday, October 03, 2008

Do Amor


Pretenção falar sobre isso, né? é, eu sei. Amor...

Mas ao passo que a personalidade se desenvolve, o amor provavelmente deve surgir. Estamos todos aqui em busca de prazer, e, dos prazeres, não tem nenhum melhor do que poder amar. Veja que falo sobre poder amar, e não ser amado.
Ser amado é o que sobra para os que estão cheios de faltas e carências, o poder amar só é possível para os que estão na outra ponta, para os que estão prontos para se tornarem maiores do que são.

Morei em um castelo de gelo durante alguns anos, e eu, como seu soberano e soberana (princesa do gelo), permanecia protegido somente enquanto o frio existisse, sem ele, os tronos, baluartes, pilastras e torres, todos, desmanchar-se-iam.

Pois eis que lutei com todas as forças para que o gelo não me deixasse, e assim, segurei o máximo que podia para que aquela morada gelada não se esvaisse em águas mornas.

Hoje, neste dia, me dei conta de aprender a derreter!!

E, solto como pluma leve, flutuante, deixo que o tempo faça a temperatura que quiser!

Voltei a aprender a amar!!

Não foi difícil, meu ser tem inclinação, tem tendência natural ao amor (o seu ser também?)

E agora, deito em prazer!

Se o amor tem objeto, foco, ele se limita, se ofusca, se contrai, não é mais amor...

O amor que conheço é todo pleno da liberdade, emancipado como o ar, que envolve a tudo e a todos,
pura essência da natureza, em ondas enormes e gigantes, todas cheias de pétalas e delícias, estonteadas de emancipação e maturidade,
os olhos cheios de lágrimas, por transbordar a plenitude que se abre a todos os instantes,
são incapazes de enxergarem bobices e permanências.
O amor é a constância da impermanência.

E assim, amo a cada pequeno gesto o próprio gesto, sem mais seus objetivos,

dos feitos, é me cheio de contemplação ele em si, sem mais seus resultados,

balançado pelas delicadezas, posso dispender-me e gastar-me até que o último pedaço de gelo vire água, transando com todas as criaturas, sentidos, coisas e razões.

O amor sem destino, foco, objeto, é todo maior! Como uma paisagem onde você não aprecia aquela nuvem ali à esquerda, ou aquele pedaço de montanha mais no final do morro, mas pode aproveitar de tudo quanto o olho abrange. Amar é poder ser livre das idiossincrasias, não ter mais amigos ou inimigos.

Agradeço as águas mornas que passam por aqui, que, sem querer, me libertaram da prisão e do medo de perder minhas colunas de gelo.

Sigo, agora posso, amando cada pequena criatura e ato, mesmo os mais odiosos, para viver em êxtase e, sem nem o precisar querer, extasiar quem me acompanha

beijos carinhosos

Henri S.

1 comment:

Cíntia said...

O amor é algo tão puro e infinito que faz as almas elevarem-se aos céus!