Andei bastante tempo disfarçado atrás do olho mágico da porta,
só com o empenho necessário poderiam me olhar,
e ainda assim quem me visse,
ia só me vendo pela metade
mais a parte de cima que a de baixo,
mais o superficial do que o perene, profundo, inexpugnável.
Agora chegou a hora de girar a maçaneta e me mostrar por inteiro.
Das metáforas, caro leitor(a), não mais me utilizarei, a não ser por necessidade.
Para falar sobre mim serei tão direto quanto a minha consciência consegue se mostrar
e talvez, assim, o mundo consiga me engolir mais confortavelmente
como uma bala que é chupada sem o papel.
Chega, sim, das metáforas.
A mudança servirá para eu me tornar mais comunicável,
pois tenho falado coisas que não dizem o que quero dizer
por mais que ache que me dou bem com os símbolos e metáforas
a impressão, talvez, seja que fico sempre pelos cantos.
Abra-te, ó porta, que estou pronto para ter na sala minha presença.
Pelo olho-mágico, não mais me encontrará.
Agora, dirija a atenção, se quiseres me olhar, para o meio do salão,
pois é lá que estarei a dançar, e não mais batendo os pés no ritmo da música do lado de fora da casa.
Isso se deve, pois, a uma amiga, que seja abençoada sempre em sua meiguice e sensibilidade,
que me alertou, mas foi sem querer, de que o que tenho dito não fala de mim
e é difícil me encontrar no que digo.
...... sendo que ando falando somente de mim .....
oras, que esquisitice!
Chega de simbolismos, figuras, imagens, visões, paisagens e outros.
Isso fica para outrora.
Agora será sem o rebuscado da imaginação,
e vejamos como me saio bailando no interior do saguão
1 comment:
Interessante, então para mostrar quem você é você irá falar como alguem diferente de si próprio? Interessante ponto.. Talvez o problema nao esteja nas palavras ditas, mas sim nas ouvidas... Veremos como essa brusca mudança alterará suas linhas.
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