O negro noite agora é um piche que me atravessou em suas presas
As estrelas, essas que se destacam entre a nebulosa preta que me puxa, são meras submissas da mãe escuridão
Começando pelas baixezas de minha pele escureço-me e, como um vírus que se alastra e não possui antídotos, derruba-se cada vez mais para entre meus profundos, a escuridão
Sou parte desse todo que me abrange, e é longe do cimo luminoso...
Como as estrelas, a noite tomou-se como minha mãe, minha proteção é em seu colo
E em toda a ausência do lume, mais uma vez (sim, já tinha sido iniciado nesta arte outrora), me reduzo.
Escravo do soturno, não mais respondo por mim, mas a negritude, que é o piche, quem fala por minha boca
O frio no ar faz o arrepio percorrer meu corpo como um carinho...
... e o desagrado que o vento causaria nos claros, agora me faz sorrir.
eu continuo, e escureço....
E como me é sutil...
... poder ser bom nas desavenças das beatidudes...
Aqui, O piche que me gruda...
E eu, como seu filho, só deixo escurecer.... nada mais.
e no berço de minha mãe, a negra-noite,
Minha existência se explica,
Nasci para ser, nesse momento,
filho do agrado das trevas
.........................
Mas eis que justamente da profundez do soturno
que surge um ponto de luz
E como abandonei e não luto mais contra
a noite e sua luz, sem restrições,
me dão não mais uma réstia
mas a luz toda,
ela em si, a entidade completa, que brota
E então me aquece
fazendo o prazer da escuridão intensificar-se...
e sou assim, na noite negra, que agora se torna luz e brilha
emancipando a existência minha, filho das trevas,
assim como as minhas irmãs estrelas,
que brilham porque conseguem fazer da mãe noite
O caminho para a luz.
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