Tuesday, September 09, 2008

o que o negro noite me é


O negro noite agora é um piche que me atravessou em suas presas

As estrelas, essas que se destacam entre a nebulosa preta que me puxa, são meras submissas da mãe escuridão

Começando pelas baixezas de minha pele escureço-me e, como um vírus que se alastra e não possui antídotos, derruba-se cada vez mais para entre meus profundos, a escuridão

Sou parte desse todo que me abrange, e é longe do cimo luminoso...

Como as estrelas, a noite tomou-se como minha mãe, minha proteção é em seu colo

E em toda a ausência do lume, mais uma vez (sim, já tinha sido iniciado nesta arte outrora), me reduzo.

Escravo do soturno, não mais respondo por mim, mas a negritude, que é o piche, quem fala por minha boca

O frio no ar faz o arrepio percorrer meu corpo como um carinho...

... e o desagrado que o vento causaria nos claros, agora me faz sorrir.

eu continuo, e escureço....

E como me é sutil...

... poder ser bom nas desavenças das beatidudes...

Aqui, O piche que me gruda...

E eu, como seu filho, só deixo escurecer.... nada mais.

e no berço de minha mãe, a negra-noite,

Minha existência se explica,

Nasci para ser, nesse momento,

filho do agrado das trevas

.........................

Mas eis que justamente da profundez do soturno

que surge um ponto de luz

E como abandonei e não luto mais contra

a noite e sua luz, sem restrições,

me dão não mais uma réstia

mas a luz toda,

ela em si, a entidade completa, que brota

E então me aquece

fazendo o prazer da escuridão intensificar-se...

e sou assim, na noite negra, que agora se torna luz e brilha

emancipando a existência minha, filho das trevas,

assim como as minhas irmãs estrelas,

que brilham porque conseguem fazer da mãe noite

O caminho para a luz.

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