Monday, September 22, 2008

Mais uma mulher que me apareceu...


Onde esteve que tanto te procurei, Menina Levada. Eu, que nem sabia que era de você que sentia falta, que por você acordava com o coração batendo forte à noite, com você que sonhava as minhas perversões... mas você reapareceu, e transformou minha poça de estrada em rio cristalino. Limpou e desestagnou minha existência conservada, para me estourar, estuprar e abrir-me para longe da minha única angustiante vontade: a de embrenhar-me em sua presença.

Como foi dóido o cada duro correr de suor, cada picante ciclo sanguínio, cada cansada respiração enquanto sua moradia descasava dos meus olhos, seu agrado pacificador era distante de meus poros, seu sussuro que, agora me faz respirar fundo e me atirar de costas ao ar, não visitava meus ouvidos.

Agora vou até o parapeito da janela, me coloco de costas, o céu se pondo como limite e sua presença me deslimitando para tudo.

Posso estar de olhos fechados e me abandonar!

É você a única que despe todas as máscaras infelizes da temerança, as hipocrisias medrosas dos preocupados, a vitalidade sufocada dos frustrados. E eu, que era todos em um só, posso ter você como o carinho que necessitava para a fonte primeva da minha prática do amor.

Agora posso estar de olhos fechados e me abandonar!

Você, que enquanto eu era pequeno, fazia parte da minha vida, não vi dizer-me adeus. Tola criança que eu era só podia, claro, me comportar como desatenta, e gente assim, desatenta, não consegue perceber a brandura da sua presença nem se sente inclinada à reflexão nem ao gozo profundo, mas só faz atravessar a vida como se estivesse tudo bem.

Mas agora que já fui ao inferno, praguejei os fogos, queimei-me em lamentação, chorei a perdição e o exagero da esperança, reconheço-te como salvação! Não és mulher em minha vida sem que todas as atenções e orações te façam sinômino de brilho, de felicidade, de "criatura ponte" para deus.

Menina travessa, que se escondeu por tanto tempo e agora volta à tona, surgindo com seu manto e capa do abandono, me tem facilmente, já desde a primeira presença, em seus braço, me libertando para junto de seus seios, me vulnerabilizando em seus agrados.

E tudo isso, que por si já me basta, me permite não temer a queda, e faz me soltar de costas, lá do alto de qualquer andar para dentro do ar.

E agora posso estar de olhos fechados na beira da janela e abandonar-me!

De tanto que me és confortável, pequena senhorita, a plena queda não me faz pestanejar nem um segundo em desespero, pois sinto suas vestes, enquanto caio, rodearem meu corpo e acariciarem minha pele da maneira que os mais abênçoados já foram um dia.

Pulo do abismo e sorrio, pela sorte que há em saber que sua presença, ela, a tão esquecida que agora revive, me acompanha. Ela, que tem o nome que nada tem a ver com esperança (distante esperança), porque ela (tão presente), como exercício da fé, é que inclina homens e mulheres a não esperarem nem mais um dia para adentrar no agrado do mundo, mas pouco conseguem expressar toda sua abundância quando clamam pelo seu nome: Confiança.

Doce, leve e cariciosa Confiança.

1 comment:

Cíntia said...

Mulheres! :D