Wednesday, September 10, 2008

... e o castelo de gelo continua sua escalada


Foi dia especial aquele em que a princesa branca, que antes andava fraca e débil, escorando-se nas beiradas de seu castelo que derretia e fraquejava, arrastando suas vestes, seu rosto, seu ser inteiro molhados pelas gotas das paredes e tetos da sua moradia glacial que não paravam de derreter, começou a novamente sentir as "não-goteiras"...

sim, parára de derreter... se re-erguia!

os seus olhos ainda fraquejados, anoitecidos, cambaleantes, voltavam a refletir o brilho da brancura do gelo.

A phoenix alva das neves!

que seja abençoado o nosso são céu salvador.

agora, suas vestes úmidas e pesadas voltavam a secar, a da princesa, que se aliviava conforme via que o seu mármore não mais escorria, mas voltava a fixar as bases na terra longínqua da brancura, e podia, com muito mais força, escalar os olhos ao alto, com a majestade que sempre lhe tinha sido peculiar.

Clamemos graças aos deuses, todos eles, que à partir do nada nos fustigam com o sol e, depois, novamente do vazio, nos dão chance para o respiro continuar em alvura!

Mas esta, a princesa, não agradecia aos senhores, nem cambaleava "ós" e "aleluias" ou outros agradecimentos, mas voltava à altura fria que sempre lhe tinha tornado soberana, para estar autorgando seus anseios ao lado dos deuses, e não mais ao peso das outras vontades.

Que continue gracioso e seco este castelo, e nunca mais derreta pelas intempéries dos sóis e anzóis

Que siga árido, eternamente neste passo, abrigando a autarquia branca, parceira dos deuses e de tudo que é mais frio para ser contemplado, absorvido, vivenciado.

2 comments:

Anonymous said...

Henri da neve, mais enigmático é você que nem de gelo, nem de noite, nem de estrela é feito, mas que só por eles se faz sua imagem em minha mente.

Cíntia said...

Henri com "i" e seus textos que me levam a pensar na fantasia de desenhar com os dedos e voar alto...a princesa branca se branca de pele pode derreter junto ao castelo, ao palácio, ao povo e ao gelo. (Me identifico com ela)