Saturday, September 27, 2008

Das não pretensões


Meus sonhos morreram,

minha esperança desmontou-se,

destino, não tenho mais,

estou a mercê do acaso.

E haverão ouvidos que pesarão com estas palavras

com a sensação da depressão, do pessimismo.

Mas haverão os que, como os meus, confortar-se-ão,

sabendo da liberdade que é

viver a vida como um rio,

só conforme a natureza e o suficiente.

Perder a esperança, os sonhos, o destino

é força que move o não-alucinógeno,

que me faz pisar os pés firmes no chão

e achar a maciez que procuro

agora

Monday, September 22, 2008

Mais uma mulher que me apareceu...


Onde esteve que tanto te procurei, Menina Levada. Eu, que nem sabia que era de você que sentia falta, que por você acordava com o coração batendo forte à noite, com você que sonhava as minhas perversões... mas você reapareceu, e transformou minha poça de estrada em rio cristalino. Limpou e desestagnou minha existência conservada, para me estourar, estuprar e abrir-me para longe da minha única angustiante vontade: a de embrenhar-me em sua presença.

Como foi dóido o cada duro correr de suor, cada picante ciclo sanguínio, cada cansada respiração enquanto sua moradia descasava dos meus olhos, seu agrado pacificador era distante de meus poros, seu sussuro que, agora me faz respirar fundo e me atirar de costas ao ar, não visitava meus ouvidos.

Agora vou até o parapeito da janela, me coloco de costas, o céu se pondo como limite e sua presença me deslimitando para tudo.

Posso estar de olhos fechados e me abandonar!

É você a única que despe todas as máscaras infelizes da temerança, as hipocrisias medrosas dos preocupados, a vitalidade sufocada dos frustrados. E eu, que era todos em um só, posso ter você como o carinho que necessitava para a fonte primeva da minha prática do amor.

Agora posso estar de olhos fechados e me abandonar!

Você, que enquanto eu era pequeno, fazia parte da minha vida, não vi dizer-me adeus. Tola criança que eu era só podia, claro, me comportar como desatenta, e gente assim, desatenta, não consegue perceber a brandura da sua presença nem se sente inclinada à reflexão nem ao gozo profundo, mas só faz atravessar a vida como se estivesse tudo bem.

Mas agora que já fui ao inferno, praguejei os fogos, queimei-me em lamentação, chorei a perdição e o exagero da esperança, reconheço-te como salvação! Não és mulher em minha vida sem que todas as atenções e orações te façam sinômino de brilho, de felicidade, de "criatura ponte" para deus.

Menina travessa, que se escondeu por tanto tempo e agora volta à tona, surgindo com seu manto e capa do abandono, me tem facilmente, já desde a primeira presença, em seus braço, me libertando para junto de seus seios, me vulnerabilizando em seus agrados.

E tudo isso, que por si já me basta, me permite não temer a queda, e faz me soltar de costas, lá do alto de qualquer andar para dentro do ar.

E agora posso estar de olhos fechados na beira da janela e abandonar-me!

De tanto que me és confortável, pequena senhorita, a plena queda não me faz pestanejar nem um segundo em desespero, pois sinto suas vestes, enquanto caio, rodearem meu corpo e acariciarem minha pele da maneira que os mais abênçoados já foram um dia.

Pulo do abismo e sorrio, pela sorte que há em saber que sua presença, ela, a tão esquecida que agora revive, me acompanha. Ela, que tem o nome que nada tem a ver com esperança (distante esperança), porque ela (tão presente), como exercício da fé, é que inclina homens e mulheres a não esperarem nem mais um dia para adentrar no agrado do mundo, mas pouco conseguem expressar toda sua abundância quando clamam pelo seu nome: Confiança.

Doce, leve e cariciosa Confiança.

Saturday, September 20, 2008

Temos de tentar!



dizem que a gente tem de estimular a imaginação!

Lá vou eu!!!

ajsfaurq9-4 uraio prua´prugafrga u ´fdogiuadfg ufogiad audfgioadgeu094t 90q34t jf jhdf shdfidfg j áfdgu adf gadfig gifoa fgádfguadfgaod aehgaerigae´roghaeorhg ahgado´ghaohadf ghadf´g oaihfgáh a´dog haofgh argae´r gaergiargia rg ahdfg´aidhg adfgáidf góadhga fgadgaergua oirg uargadfg ia´dfug aodfgajhdfgahdfgóaidfugadfrg araa gja´diugaóguaoguar udrug aórg orugáorugaor gaurg a´rogiuaórguaoérguaórgiuaóerig arrgaudgadfghadgadiug d ua adguaidugad gda gadoifg uaodi uaógiua[re9guae
ra[erug aóigu aoid ugádugóadugóadiug óadiug óadiug aódig uaódiugao´dfrgua´rguriugahergharigafghargariuga hr ganfjkg adjf gjkadfngandfgáfdnbadfbija

Achei um jeito de dizer coisas sem palavras.

Wednesday, September 10, 2008

... e o castelo de gelo continua sua escalada


Foi dia especial aquele em que a princesa branca, que antes andava fraca e débil, escorando-se nas beiradas de seu castelo que derretia e fraquejava, arrastando suas vestes, seu rosto, seu ser inteiro molhados pelas gotas das paredes e tetos da sua moradia glacial que não paravam de derreter, começou a novamente sentir as "não-goteiras"...

sim, parára de derreter... se re-erguia!

os seus olhos ainda fraquejados, anoitecidos, cambaleantes, voltavam a refletir o brilho da brancura do gelo.

A phoenix alva das neves!

que seja abençoado o nosso são céu salvador.

agora, suas vestes úmidas e pesadas voltavam a secar, a da princesa, que se aliviava conforme via que o seu mármore não mais escorria, mas voltava a fixar as bases na terra longínqua da brancura, e podia, com muito mais força, escalar os olhos ao alto, com a majestade que sempre lhe tinha sido peculiar.

Clamemos graças aos deuses, todos eles, que à partir do nada nos fustigam com o sol e, depois, novamente do vazio, nos dão chance para o respiro continuar em alvura!

Mas esta, a princesa, não agradecia aos senhores, nem cambaleava "ós" e "aleluias" ou outros agradecimentos, mas voltava à altura fria que sempre lhe tinha tornado soberana, para estar autorgando seus anseios ao lado dos deuses, e não mais ao peso das outras vontades.

Que continue gracioso e seco este castelo, e nunca mais derreta pelas intempéries dos sóis e anzóis

Que siga árido, eternamente neste passo, abrigando a autarquia branca, parceira dos deuses e de tudo que é mais frio para ser contemplado, absorvido, vivenciado.

Tuesday, September 09, 2008

o que o negro noite me é


O negro noite agora é um piche que me atravessou em suas presas

As estrelas, essas que se destacam entre a nebulosa preta que me puxa, são meras submissas da mãe escuridão

Começando pelas baixezas de minha pele escureço-me e, como um vírus que se alastra e não possui antídotos, derruba-se cada vez mais para entre meus profundos, a escuridão

Sou parte desse todo que me abrange, e é longe do cimo luminoso...

Como as estrelas, a noite tomou-se como minha mãe, minha proteção é em seu colo

E em toda a ausência do lume, mais uma vez (sim, já tinha sido iniciado nesta arte outrora), me reduzo.

Escravo do soturno, não mais respondo por mim, mas a negritude, que é o piche, quem fala por minha boca

O frio no ar faz o arrepio percorrer meu corpo como um carinho...

... e o desagrado que o vento causaria nos claros, agora me faz sorrir.

eu continuo, e escureço....

E como me é sutil...

... poder ser bom nas desavenças das beatidudes...

Aqui, O piche que me gruda...

E eu, como seu filho, só deixo escurecer.... nada mais.

e no berço de minha mãe, a negra-noite,

Minha existência se explica,

Nasci para ser, nesse momento,

filho do agrado das trevas

.........................

Mas eis que justamente da profundez do soturno

que surge um ponto de luz

E como abandonei e não luto mais contra

a noite e sua luz, sem restrições,

me dão não mais uma réstia

mas a luz toda,

ela em si, a entidade completa, que brota

E então me aquece

fazendo o prazer da escuridão intensificar-se...

e sou assim, na noite negra, que agora se torna luz e brilha

emancipando a existência minha, filho das trevas,

assim como as minhas irmãs estrelas,

que brilham porque conseguem fazer da mãe noite

O caminho para a luz.

Wednesday, September 03, 2008

sobre 3


... diziam todos que a Felicidade era uma Senhora-Menina, com idade de Dona e particularidades da Criança. Todos que andavam pelas ruas pensavam e cumprimentavam-se entre si, a pensar a mesma coisa: "A Felicidade é uma Senhora-Menina, e assim é, porque assim nasceu para ser". Mas o que pouco observavam, os andantes, era que, como toda boa Dona-Senhora-Criança-Menina, a tal, que é merecedora de todos os realejos, se sentia impelida a vestir-se bem aos fatos e encheirar-se como toda boa Senhora-Menina-Dona-Criança encheirar-se-ia.
Entre cheiros, vestidos e ademais adendos, houve um rapaz que, dentre tantos que a Felicidade queriam, conseguiu conquistar os seios puramente naturais e as temperanças mais intimamente próprias da Dona-Menina.
E a história que vou contar para vocês, começa à partir daí:

"enudecendo a expressão máxima do que poderia se querer naquela Vila, a Dona-Criança Felicidade, tinha, diante de mim, a crueza que jamais pensei em haver. Não seria justo para os mais puros encontrar toda a natureza pálida que vi na Menina-Senhora quando ela ficou solitariamente nua em pêlos.
Onde estaria a Felicidade, toda providade dos seus garbos e charmes, enfeites e senhorios das plumas do algodão mais delicado? Ela, agora, possuia o branco vazio que minha esperança sempre protemera me livrar... e agora? se minha esperança firmava as bases na Menina, e ela, em seu profundo âmago, era nada mais e, confesso, até menos, do que qualquer ordinária tosquice que havia visto, oque faria eu da minha vida?!! e agora? O que me alimentaria? E a minha esperança?

Calado, no âmago da vazies do raso, incapaz de me enlaçar com o ser fosco e sem vida a minha frente, fui, vagarosamente, juntando as peças de roupa, cheiros e penduricalhos de encanto da Dona-Menina, para que, assim fazendo, eu pudesse ficar em solidão o mais breve possível. Que ela se vestisse e fôssemos logo embora!

Foi então que, de pedaço em pedaço, a cada novo enlace de novo adendo, conforme a Senhora-Criança se enchia dos novos apetrechos, não se via um corpo cru escondendo-se da palidez, mas uma verdadeira Dona-Menina re-brotando, transformando-se na Felicidade que, a cada nova peça, erguia.

Caros amigos, queiram crer vocês ou não, mas esta foi a inexorabilidade da verdade que me tomou o fôlego da existência: a Felicidade não era a pureza do espírito, mas todos os laços e adendos que a carne já conhecia: cheiro-de-verão, música e sonhos.