Sunday, June 17, 2007

Teoria da Compensação

Faça-se aqui uma idéia.

Idéia de que há em nossas vidas só esse movimento linear e preciso de procurar o centro. Linear, para poder simplificar todas as direções em esquerda e a direita; e preciso, porque se trata de um só ponto a chegar.

Se algum corpo pende à esquerda, sente o seu desequilíbrio, seu erro em relação ao tal centro, e para isso ansia o outro sentido. Mas ao contrário dos pêndulos físicos, os pêndulos psicológicos não precisam serem forçados na outra direção se quiserem acertar "serem" no meio.

Mirando os alvos mais certos, como o da lei da natureza, que foge ao nosso princípio racional, e o do tempo, que se neutraliza por ser tão intenso, erramo-los facilmente se os fitamos com os olhos que estão nos rostos das lógicas da vingança, mesmo que não sejam vingativas, mas compensatórias, acabando por nos deixar desabilitados de acertar tão simples e inexpugnáveis conceitos: o tempo que não passa, mas está temporalmente sempre presente em um mesmo momento; e as leis naturais que são tão complexas e fogem tanto ao nosso sentido de justiça, que paira na natureza uma grande conspiração para a vida, independente de valores.
E é obedecendo a neutralidade da vida e a imobilidade temporal que os acontecimentos que tendem à esquerda ou direita não necessitam serem revistos em uma próxima atitude, mas sim, desistidos, abandonados de qualquer tentativa de conserto. Aos erros passados há a falta de justiça e o não-tempo da natureza como solução. Tais características do mundo, além de resolverem os acontecimentos "lateralizados", também resolvem a nossa necessidade de centramento. Naturalmente somos levados ao centro, e não há necessidade de esforço algum.

A compensação do movimento é justamente o que tira, mais uma vez, a sua consciência do tão querido estado central.

Os movimentos não devem ser compensados!

O passado, sendo privilégio único da memória, deve acontecer psiquicamente de maneira calma, sem relevância maior. Se há reviradas e contra-sensos por motivos anteriores, então está certo de que o velho sobrevive em seu universo mental de maneira a querer compensar estes acontecimentos anteriores, e mais uma vez, distancia-te do centro, e se mais uma vez distancia-te do centro, mais uma vez sentirá a necessidade de compensação. ABANDONE-SE, ENTREGUE-SE, é disto que trata a Teoria da Compensação.
Se não há mais passado ativo em nossas maneiras e atitudes, o centro se apresenta.

As compensações são ilusórias, assim como a permanência do passado é recurso da imaginação sobre situações não mais existentes.

Queria eu conseguir não lembrar efusivamente, ter a memória só como auxílio e não como a mestra das decisões.

1 comment:

Alexunder Curwen said...

Não apenas memórias, mas espectativas também se enquadram, afinal o que pior que memórias de um futuro onírico? Considero que as únicas benéfica seja a dos teus textos. Novamente parabéns (isso infelizmente está quase virando uma frase de efeito, temo que minhas congratulações venham a perder o impacto de tanto repetidas, mas elas são sinceras). E concordo plenamente que muitas vezes (a grande maioria delas) as memórias deveriam conformar-se com o seu status de passado e deixar o presente sem sua interferência, talvez no máximo prestando um apoio modesto e caso requisitado. Todavia algumas vezes aquela peça de museu serve perfeitamente aos nossos intentos, mostrando-se muitas vezes mais eficiente que teorizar algo novo para o que em realidade é velho. Mais uma vez, parabéns e aguardo pelo seu próximo texto.