Wednesday, April 29, 2009

Uma ode à fraqueza - sobre uma necessidade discriminada.

Você que me faz tanta falta,
que foi tão injuriada e culpada pela nossa necessidade de Glória e Conquista.
Que foi banida de nossas vidas pelas forças da propaganda
e convencida de que não servia para nenhum propósito louvável.
É você que clamo para que se re-erga das tuas cinzas,
para que se solte da morte tirana que te impôs a vontade do Sucesso
e surja novamente com toda a sua graça e esplendor.
Volte, te suplico, e me preencha com mais do que um abraço,
me orne de poeiras no chão sem que eu sinta pena de mim mesmo.
Faça poder crescer plantas sobre todo meu corpo e
me prepare para as inutilidades.
Me livre da minha plena capacidade altiva de auto-completação,
me desinfle!
És tu, Fraqueza, que clamo para que deixe seus reguardos
e venha se juntar ao âmago da minha fonte,
para que assim eu possa ser o menor de todos
com a mesma plenitude
dos que acham que podem ser os maiores.

fim.

outra coisa:

Queria saber se falar sobre mim é também falar sobre os outros... o argumento para validar como verdadeira a frase anterior, seria: afinal, somos todos gente. Faço parte dessa mesma massa humana que você e todos mais... O que você acha?

Confesso que já faz um certo tempo não me sinto assim...

A sensação é que tenho algo que está errado, que não foi validado, que não se encaixa direito. A consequência é essa inquietação de que que preciso fazer algo para me mudar, adaptar. Faço um esforço, olho para o lado com atenção, tento me ajustar no contexto, vivo a vida de um embrião que tem de se contorcer para caber no seu próprio ovo. Mas não adianta. Essa sensação de que tenho algo esquisito, errado, prevalece. Não desisto, recorro aos universitários: uso as pessoas para fazer perguntas, considerações, ponderações, tentativas. Tem algumas que me escutam com atenção e até gostam de se embrenhar nessa confusão, outras simplesmente me ignoram e não falam nada. Elas (vocês) são a minha tentativa de achar as portas para poder voltar ao "ovo".

Me dá curiosidade em saber como é com as outras pessoas? Quantas por aí que também se sentem descontextualizadas, meio tortas. Você? Você também se sente em um limbo desconexo e fica tentando se adaptar?

Pois eu recebi dois alertas que diziam a mesma coisa: "Henri, isso é uma questão de valores". E é por isso que escrevi esse texto. Porque achei sensato fazer a oração acima para um desvalor que eu prezo tanto.

4 comments:

Cíntia said...

Dai te pergunto: Qual o objetivo de estarmos vivos?
Será que tentar realmente se sentir completo? E oq completa?
A inquietação asola a todos os seres humanos... isso pq estamos aqui para amadurecer como espiritos e nao vivermos estagnados...meu querido, sinto lhe dizer que sentirás isso eternamente enquanto viver! Mas veja o lado bom, isso faz vc crescer! Bjokas

bruna said...

esse eu já li:( tá mais de um mês sem escrever sr henri siro?

sabe que esses dias pensar na frase que vc me disse me ajudou a resolver um grande problema...
".ela fez uma promessa que nunca falaria algo que não pudesse se manter como a última coisa que dissesse. "
a gente não mantém a promessa, mas tentar alcaná-la, ajuda.
beijos!

angela said...

Dama da Noite, de Caio Fernando de Abreu começa assim:
"Como se eu estivesse por fora do movimento da vida. A vida rolando por aí feito roda-gigante, com todo mundo dentro, e eu aqui parada, pateta, sentada no bar. Sem fazer nada, como se tivesse desaprendido a linguagem dos outros. A linguagem que eles usam para se comunicar quando rodam assim e assim por diante nessa roda-gigante. Você tem um passe para a roda-gigante, uma senha, um código, sei lá. Você fala qualquer coisa tipo bá, por exemplo, então o cara deixa você entrar, sentar e rodar junto com os outros. Mas eu fico sempre do lado de fora. Aqui parada, sem saber a palavra certa, sem conseguir adivinhar. Olhando de fora, a cara cheia, louca de vontade de estar lá, rodando junto com eles nessa roda idiota - tá me entendendo, garotão?"
lembrei que eu gostava desse texto, e que tinha tudo a ver com estar fora do ovo.

Bortoli J. C. said...

Mesmo diante de tanta ignorância sobre esse post, me mostro ápto a dizer que dentre tantos assuntos interessantes, eis que se mostra em seu texto o o mais franco e louvável.
Abraço meu amigo