Wednesday, November 19, 2008

as flores com espinhos

Há muito tempo atrás, em uma terra distante como é o sol de nosso dedão do pé, um pequeno ser, não, pequeno não, minúsculo ser, feito da mistura de sensibilidade, sinceridade e serendipidade (importante palavra essa), aterrisou sobre nós, a terra, para expulsar de seu interior a charmosidade de sua grande constituição áurea (só materialmente é que ele não tinha tamanho).

A atenção da sua cabeça (ou coração, ou estômago, ainda não se sabe bem ao certo onde ficam as coisas importantes), tão raras quanto encontrar alguém que já abandonou a vontade de possuir (se você conhecer alguém que não queira ter mais nada, passe-lhe o telefone que uso, tem raridade nele e eu, que ainda não abandonei, talvez posso agenciá-lo por milhões!), ficava a procurar nas conversas de gente crescida o que diziam sobre as coisas realmente importantes... mas nosso pequenino amigo não entendia nada! Só diziam do que se media... porque pessoas crescidas tem afeto pelas medidas?.... só as crianças e os pouquíssimos prestaram atenção nas perspicazes indagações de nosso jovem rapaz: Quais as dores que sentem uma flor quando é arrancada de seu chão? a mosca precisa bater a cabeça nas coisas toda vez que sente medo? Os arbustos que tem espinhos são mais orgulhosos do que os que não tem? Porque a ferida que não é aberta de propósito dói o mesmo tanto que a que é feita por querer? Quem salva o outro acaba salvando a si mesmo ou já estava salvo? Quem faz com amor tem mais influência do que o outro? o planeta é mãe de todos? se sim, a lua é a tia?

O viajante exorbitante, alumiado, aceso, ficou calado e foi tentar num deserto a conversa com os lagartos...

se a gente fosse lagarto a temperatura diria quando é que a natureza queria que a gente se movesse (lagarto fica parado no frio)... mas como não sou, o que me diz quando é que tenho de me mover?
Acho que é a propaganda... queria me limpar da propaganda... nenhuma me fez bem até hoje.

Já que não dá para contar com ela, espero que a gente se faça bem um ao outro, então...

o outdoor fica sendo um pára-sol pra quando a gente precisar de sombra, que tal?

e se não quisermos, a gente corre por aí, também... não tem problemas...

se quiser ficar escondido, pode! PODE TUDO!!

A gente só tinha que começar a escutar mais o nosso amigo serêndipe para aprender a poder dar um jeito nas coisas do desespero...

e ser, daí, como uma flor que, mesmo com espinhos, não se protege...

Monday, November 10, 2008

A esperança reaparece,

o que há de errado em minha vida que quero sempre a felicidade em algo que não tenho?

A abrangência do amor não me dura muito

e não há bacia que esteja pronta para ser regada com minha água e semente

"não se pode forçar a personalidade ao amor, mas o amor pressupõe entendimento

e para isso é necessário desenvolver a própria personalidade"

o Henri que se conhece já não é mais suficiente, necessita modificar-se para,

sobretudo, poder abandonar a esperança e o pequeno amor saudoso,

para captar e viver a unidade do grande.

Saturday, November 08, 2008

Sobre eu


Andei bastante tempo disfarçado atrás do olho mágico da porta,

só com o empenho necessário poderiam me olhar,

e ainda assim quem me visse,

ia só me vendo pela metade

mais a parte de cima que a de baixo,

mais o superficial do que o perene, profundo, inexpugnável.

Agora chegou a hora de girar a maçaneta e me mostrar por inteiro.

Das metáforas, caro leitor(a), não mais me utilizarei, a não ser por necessidade.

Para falar sobre mim serei tão direto quanto a minha consciência consegue se mostrar

e talvez, assim, o mundo consiga me engolir mais confortavelmente

como uma bala que é chupada sem o papel.

Chega, sim, das metáforas.

A mudança servirá para eu me tornar mais comunicável,

pois tenho falado coisas que não dizem o que quero dizer

por mais que ache que me dou bem com os símbolos e metáforas

a impressão, talvez, seja que fico sempre pelos cantos.

Abra-te, ó porta, que estou pronto para ter na sala minha presença.

Pelo olho-mágico, não mais me encontrará.

Agora, dirija a atenção, se quiseres me olhar, para o meio do salão,

pois é lá que estarei a dançar, e não mais batendo os pés no ritmo da música do lado de fora da casa.

Isso se deve, pois, a uma amiga, que seja abençoada sempre em sua meiguice e sensibilidade,

que me alertou, mas foi sem querer, de que o que tenho dito não fala de mim

e é difícil me encontrar no que digo.

...... sendo que ando falando somente de mim .....

oras, que esquisitice!

Chega de simbolismos, figuras, imagens, visões, paisagens e outros.

Isso fica para outrora.

Agora será sem o rebuscado da imaginação,

e vejamos como me saio bailando no interior do saguão