Thursday, August 23, 2007

Ahhhh.... como a tolerância me tenta. Cá fica ela, me sussurando suas atenuações e seduções. Me fala das suas vantagens como quem se delicia com o doce de um chocolate feito de vida. SAFADA! É como diva sexual. Os lábios vermelhos, silhueta esguia, olhar de canto, carne libidinosa, convida qualquer intelectual a abandonar suas razões e conclusões para se entregar indiscaradamente aos seus torneios. Quando a vejo, toda a lógica parece perder o sentido, não há justiça no mundo que se justifique perante seus encantos. Quando brilha em sua transparente presença, entoando, em forma de pensamentos, o canto das condolescências, faz qualquer sede pelo direito parecer insensata, qualquer tentativa de conserto uma aberração, toda ânsia pela ordem uma lição do que não se faz, toda batalha pela paz uma esquisitice por essência.

E aí vejo o mundo reclamando pela justiça de deus, pedindo a todo o senhor que uma centelha do que é certo seja derramado em nossas cretinices, mas não percebem estes de que a justiça de deus é o oposto do que procuram. Ela só sabe que não ir atrás de pagar os erros, mas sim, liberar de sentenças os apodrecidos é a maior justiça do mundo, recompensando ao tolerante toda, e duas vezes mais, florescências que recebe o tolerado.

Wednesday, August 08, 2007

E é só isso que ele deseja, por ser oque a gente mais precisa

Poucas coisas me instigam

aquelas que prometem a vida eterna
deixam-me cansado

as que andam a favor de todas as mãos,
com a bandeira do sucesso
só me antecipam a frustração

algumas cumprem com o dinheiro e
barganham toda a liberdade que há pra se vender
mas há somente para se ver nelas
o enigma decifrável de vazio

as que juntam tudo
acrescentam paz de espírito
mais dez temperos
deixam tudo brilhoso
na companhia de suas máscaras
carentes dos ouvidos alheios

não é carência que preciso

nem meu coração quer através de todas elas!

pois tudo que ele tenta
é me fazer entender
que não há coisa alguma
que possa querer
a não ser viver pra si mesmo
e
por mais que tudo se revolte
o único anseio para qual ele existe
que o faz apertar-se
e sangrar

é que a atenção retorne
devolvendo ao coração
a capacidade de permitir-se
ser
oque já é
sempre foi
a única coisa que para ele importa:

sua própria existência

Sunday, August 05, 2007

Quando se abre o coração

Quando

a transparência

se infiltra por tudo

a noite opaca não sente

mais falta das estrelas

a água gelada

não precisa ferver para o chá

a futilidade e o medo bebem

da graça que não separa

feios e glamurosos

nem se mostra nas conquistas

ou some com as derrotas

mas abraça tudo

que adentra o coração

que pode ser até mais

do que tudo

que cabe no

mundo